Licenças de Maternidade
Comemorou-se ontem mais um Dia Internacional da Mulher, mas, no que respeita a igualdade de género, a verdade é que pouco ou nada mudou. E um dos temas que se tem destacado está relacionado com as Licenças de Maternidade. 5 meses em Portugal? O mínimo deveria ser um ano. MAS (há sempre um “mas”), algumas alterações ao sistema laboral são necessárias.
Comemorou-se ontem mais um Dia Internacional da Mulher, mas, no que respeita a igualdade de género, a verdade é que pouco ou nada mudou. E um dos temas que se tem destacado está relacionado com as Licenças de Maternidade. Cinco meses em Portugal? O mínimo deveria ser um ano. MAS (há sempre um “mas”), algumas alterações ao sistema laboral são necessárias.
“No mínimo todas a mães deveriam ter direito a um ano de licença de maternidade e os pais a um mês. Mínimos, reforço. Numa sociedade tão protectora e atenta aos cuidados infantis, esta deveria ser uma prioridade”
Primeiro, temos que analisar o actual processo. As mulheres que têm contrato e engravidam, têm direito a uma licença de quatro meses com pagamento a 100% do seu ordenado ou a cinco meses com pagamento de 80% do valor mensal (na prática, o valor total a receber é o mesmo, só que dividido em quatro ou cinco meses). Esse valor, bem como todos os descontos e impostos associados, continuam a ser assegurados pela entidade patronal (IRS, Segurança Social, etc), motivo pelo qual este continua a ser um assunto pouco discutido (como deve ser).
“Na perspectiva da entidade patronal, uma gravidez leva a que um recurso da empresa, a quem se paga a totalidade do salário, deixe de estar disponível por um determinado período de tempo”
Posto isto, rapidamente se concluiu que o grande problema é a entidade patronal ter uma redução de pessoal com os mesmos custos ao final do mês. Assim, e como forma de compensar o volume de trabalho, pode contratar temporariamente mais uma pessoa (e aí aumenta os custos fixos) ou distribuir trabalho para os restantes colaboradores (e aí sobrecarrega equipas e aumenta o desconforto).
“A solução passa por apoios vindos do estado que não só ajudariam as empresas e reduziriam o desemprego, como também aumentariam as taxas de natalidade”
A meu ver, a solução está em implementar a licença com um ano de duração em que até poderia ser a empresa a pagar a segurança social dessa colaboradora, mas o seu ordenado seria assegurado pelo estado, fazendo com que a entidade patronal ficasse com investimento para contratar uma nova pessoa para aquele lugar (por um período de um ano), reduzindo-se a taxa de desemprego. Ou seja, financeiramente a empresa teria praticamente os mesmos custos e o mesmo número de colaboradores e as mães poderiam beneficiar da totalidade do seu ordenado.
É uma perspectiva que traria custos para o estado, é certo, mas que seriam compensados com a redução da taxa de desemprego e subsídios a pagar aos desempregados, o consumo privado aumentaria e estimularia a economia e, acima de tudo, os pais (homens e mulheres) teriam mais tempo para as suas famílias.
Comunicar com estudantes do Ensino Superior
Os estudantes na faixa etária dos jovens-adultos são um público extremamente exigente quando nos debruçamos sobre a temática da comunicação nas instituições de Ensino Superior (doravante designadas por IES).
Os estudantes na faixa etária dos jovens-adultos são um público extremamente exigente quando nos debruçamos sobre a temática da comunicação nas instituições de Ensino Superior (doravante designadas por IES).
Jovens-adultos: um perfil heterogéneo e volátil
Os desafios inerentes a este público começam, desde logo, pela dificuldade em segmentá-lo em sub-grupos. Para além da heterogeneidade própria de uma qualquer grande categoria, destaca-se, neste caso, a volatilidade dos perfis que a compõem, isto porque os comportamentos e os hábitos dos jovens-adultos são inconstantes e imprevisíveis.
Estes factores têm claras implicações no que concerne à definição de estratégias de comunicação de médio e longo prazo, dado que as variáveis são diferentes de ano para ano. Com a entrada anual de novos alunos nas IES, o público destas instituições renova-se, obrigando-as a pensar sobre a sua comunicação, sendo, na maioria dos casos, necessário rever alguns dos objectivos comunicacionais e respectivas tácticas.
“Todos os anos, o público das IES é diferente porque os jovens que o compõem também o são.”
A fuga do público para o privado
Mais que nunca, as gerações são diferentes umas das outras. Os fossos geracionais já não se verificam apenas de pais para filhos, mas, antes, entre jovens com praticamente a mesma idade. As redes sociais são um óptimo termómetro deste fenómeno. Se há meia-dúzia de anos, os jovens estavam em peso no Facebook, hoje, o caso muda de figura. Os estudantes estão cada vez mais fragmentados e, diria, mais escondidos, isto porque os jovens, nomeadamente os adolescentes, preferem as aplicações de troca de mensagens privadas, como o Whatsapp ou o Snapchat, às públicas, como o Facebook ou o Twitter.
Como é, então, possível comunicar com jovens que estão fechados num círculo privado? E as IES, como devem actuar perante esta evidência: tentar entrar nesse espaço privado, invadindo a privacidade do estudante, ou esperar passivamente que este a aborde, passando despercebida? São perguntas que, por enquanto, não têm resposta. O que se sabe, para já, é que os jovens dominam a tecnologia e as novas linguagens, e esse, sim, é o desafio de quem trabalha diariamente a comunicação de uma IES: estar a par das tendências; saber que apps se utilizam; acompanhar a evolução da linguagem; no geral, saber o que está e não está na moda. E, para isso, é preciso estar perto dos jovens.
“Não podemos viver fechados num escritório. Temos de estar onde estão os jovens.”
Comunicar de um para um
Hoje, verifica-se uma maior necessidade de personalizar a comunicação. Já não faz sentido falar para as massas, dado que isso demonstra desleixo e falta de consideração das IES para com o estudante. Na medida do possível – até porque sabemos que os recursos são limitados –, há que personalizar os fluxos comunicacionais: falar com O aluno em vez de com Todos os alunos. Acima de tudo, deseja-se criar uma relação emocional com o estudante. É uma tarefa que requer paciência, porque os resultados não são imediatos. Contudo, trará frutos a médio e longo prazo, quando o aluno já não for aluno e se tornar um embaixador da instituição, tornando-se uma peça fundamental no passa-a-palavra. E isso não há dinheiro que compre.
“A comunicação personalizada fará o estudante sentir-se único e especial.”
Não defraudar expectativas
A IES têm de ser transparentes, pelo que não podem dar-se ao luxo de defraudar as expectativas. Cada vez mais, os alunos reclamam. Já não são passivos. E não nos podemos queixar. A realidade é essa, ponto. Por isso, as IES têm de actuar por forma a prestar toda a informação, de forma clara, sem subterfúgios, para que não haja margem para dúvidas e para que os alunos saibam, de facto, o que precisam de saber. E já lá vai o tempo de responder “vá ao nosso site porque está lá tudo”. Se nos fazem uma pergunta concreta, por mais óbvia e ridícula que nos possa parecer, temos também de dar uma resposta concreta: responder àquilo que nos perguntam.
“Hoje em dia, o excesso de informação disponível torna as IES vulneráveis aos olhos dos estudantes. Portanto, há que ser transparente e evitar rodeios.”
Comunicar é uma tarefa exigente
Comunicar com estudantes do Ensino Superior é um caminho que só se faz passo a passo. Não há receitas milagrosas. É necessário ser paciente para colher frutos no futuro. É claro que enquanto IES temos sempre aquele problema do à vontade não é à vontadinha, ou seja, podemos ser formais mas temos sempre um cariz institucional que nos faz pesar os pratos na balança. Contudo, há que deixar alguns pudores de lado e encarar a realidade que se nos apresenta todos os dias, caso contrário, perderemos o comboio (e alunos, também).
“Comunicar requer paciência. Os resultados hão-de surgir.”
Marcos Melo
Gabinete de Comunicação da Escola Superior de Comunicação Social